sábado, janeiro 08, 2011

Beijo Partido - Nana Caymmi

Sabe, eu não faço fé nessa minha loucura
E digo
Eu não gosto de quem me arruina em pedaços
E Deus é quem sabe de ti
E eu não mereço um beijo partido
Hoje não passa de um dia perdido no tempo
E fico longe de tudo o que sei
Não se fala mais nisso, eu sei
Eu serei pra você o que não me importa saber
Hoje não passa de um vaso quebrado no peito
E grito
Olha o beijo partido
Onde estará a rainha que a lucidez escondeu?
Hoje não passa de um vaso quebrado no peito...




Antiiiga...
 

Show da Nana hoje, que já foi, e amanhã no Sesc Vila Mariana...Segundo ela, dos últimos...
Grande intérprete, aprendi a gostar... Um amigo sempre dizia: Jú pra vc gostar de uma cantora, ela tem que ser bonita né sua *&%$##$@. Ele estava enganado, e um pouquinho certo, confesso. Não que eu goste de qualquer uma, não, não, tem que ser boa, afinadinha...essas coisas básicas e se compor as próprias músicas melhor ainda. Bem... se houver todo esse conjunto e for bonita, melhor ainda, bom para meu olhos e ouvidos, deixemos a hipocrisia de lado, mas veja bem, não gosto muito de Roberta Sá, e Mariana Aydar, por exemplo, são ótimas, bonitas... mas não me atrai. Não gostei, não gosto, não me apetece.
Mas Nana Caymmi... me emociona, a mulher INTERPRÉTA, canta com verdade, sabe? ótimo gosto para escolher repertório, e a voz... belissíma.



Vida longa a Nana Caymmi, Peculiar, inspiradora de lágrimas, no bom sentindo.


;)

segunda-feira, janeiro 03, 2011

De Manuel Bandeira...



Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância
!

Trecho de 'Amores Interrompidos'

(...)  Ela (Simone de Beauvoir) disserta sobre  a melhor maneira de se enfrentar um rompimento. Naturalmente, a conclusão é que é sempre preferível viver a história até o seu desfecho natural, ou seja, até o desaparecimento do amor, mas dificilmente isso acontece em sincronia. Entre um casal que se separa, há sempre aquele que acaba sendo vítima de um choque emocional, decorrente da violência que é obrigar-se a matar um sentimento que dentro de si permanece vivo.
Simone de Beauvoir especula que a sensação de perda e a nostalgia do passado costumam durar mais tempo que a própria relação teria durado. É bastante interessante esta teoria: a de que as dores-de-cotovelo duram mais do que o próprio amor, caso este houvesse completado seu ciclo.
Ainda citando Beauvoir, ela diz que a gente se torna mais dependente de um amor quando ele termina, do que enquanto ele dura. Eu não tenho muito a acrescentar, e sim a  corroborar. Enquanto estamos vivenciando um amor, não teorizamos a respeito. Só a partir da ruptura é que fazemos um inventário dos ganhos e das perdas, e, por estarmos emocionalmente fragilizados, acabamos por superdimensionar nossa solidão involuntária.
Do que se conclui que o único remédio para a dor de amor é aceitar que as coisas vêm e vão, e que isso é que movimenta a vida.(...)


Martha Medeiros

sábado, janeiro 01, 2011

Eu, você e todos nós


 (...) Disfarçamos nosso abandono  com frases ousadas e sem verdade alguma. O que a gente  gostaria de dizer, mesmo, é: me dê sua mão.
Eu, você e todos nós queremos intimidade, mas evitamos contatos íntimos. Não queremos nos machucar, mas usamos sapatos que nos machucam. A gente quer e não quer, o tempo todo. Será que durante uma caminhada de uma esquina a outra, em um único quarteirão, é possível acontecer uma paixão, uma descoberta? Quantos metros precisamos percorrer, quantos dias devemos esperar, em que momento da nossa vida irá se realizar o nosso maior sonho e, uma vez realizado, teremos sensibilidade para identificá-lo? O nosso desejo mais secreto quase sempre é secreto até para nós mesmos.
Somos uma imensa turma, somos uma enorme população, somos uma gigantesca família de solitários, eu, você e todos nós.


Martha Medeiros