domingo, julho 17, 2011

Van Gogh queria que seus quadros tivessem o efeito imediato e violento das coloridas gravuras japonesas, tão admiradas por ele. Gritava por uma arte livre de intelectualismo, que não chamasse a atenção somente dos ricos entendedores, mas desse alegria e consolo a toda criatura humana...
Usava formas e cores para exprimir o que sentia nas coisas. Não se importava muito com o que chamava de “realidade estereoscópica”, ou seja a reprodução de forma fotográfico da natureza...Queria que a sua pintura exprimisse o que sentia e, se a deformação pudesse ajudá-lo a atingir o objetivo, ele teria usado a deformação.
Ernst H. Gombrich

Texto retirado  do meu livro novo *-*  "Van Gogh, da Coleção Grandes Mestres"

A Noite estrelada (Ciprestes e Vila)


Em junho de 1989, Vincent Van Gogh estava no sanatório para doentes mentais em Saint-Rémy, no mosteiro medieval de Saint Paul de Mausole, a pouca distância da cidadezinha provençal. Ele decidira voluntariamente se curar naquele lugar solitário. A insônia o estimulou a olhar para fora de sua cela, para uma paisagem noturna imersa no silêncio e na escuridão, sob um fantástico céu estrelado. Ao lado do cipreste torto, que parece tentar desesperadamente se elevar até chegar perto do céu. Vênus, a estrela da manhã, brilha, luminosa, enquanto o longo perfil das colinas se expande com a primeira luz do amanhecer. Do outro lado da tela, a lua, brilhante como um sol noturno, explode em círculos, enquanto na torre do sino, lembrança das paisagens holandesas da infância sobreposta pela fantasia do artista à paisagem provençal, tem início um fantasmagórico motivo em serpentina, como se cometas em chamas ou meteoritos enlouquecidos estivessem prestes a cair na terra. A visão, na qual o pintor sem dúvida se inspirou, é deformada por uma passionalidade exasperada, de uma incandescente vontade de se comunicar com o infinito (...)