Um beijo
Foste o beijo melhor da minha vida ou talvez o pior...
Glória e tormento,
Contigo a luz subi no firmamento,
Contigo fui pela infernal descida.
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
Queimas – me o sangue,
Enches – me o pensamento,
E do teu gesto amargo me alimento,
E rolo – te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
Batismo e extrema – unção, naquele instante
Por que feliz, eu não morri contigo?
Sinto – me o ardor e o crepitar te escuto,
Beijo divino! e anseio delirante,
Na perpétua saudade de um minuto.
Olavo Bilac
Só não se perca ao entrar, no meu infinito particular. Em alguns instantes, sou pequenina e também gigante ♭♪
sábado, junho 27, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
Te amei e amei nossa fantasia...
Te amei e amei nossa fantasia
Amei de novo e amei nossa estréia
Amei meu próprio amor e amei a tua audácia
Te amei muito e pouco e comovidamente
Amei a história construída, os ritos, e os porquês
Te amei no invisível, e no inaudível
Amei no crível e no incrível
Amei ser dona e te amei freguês
Te amei e amei a farsa arquitetada
Amei o nosso caso e amei nossa casa
Amei a mim, amei a ti, parti-me ao meio
Te amei no profundo, no raso, e com atraso
Não era tua hora, não era minha vez
Martha Medeiros
Amei de novo e amei nossa estréia
Amei meu próprio amor e amei a tua audácia
Te amei muito e pouco e comovidamente
Amei a história construída, os ritos, e os porquês
Te amei no invisível, e no inaudível
Amei no crível e no incrível
Amei ser dona e te amei freguês
Te amei e amei a farsa arquitetada
Amei o nosso caso e amei nossa casa
Amei a mim, amei a ti, parti-me ao meio
Te amei no profundo, no raso, e com atraso
Não era tua hora, não era minha vez
Martha Medeiros
sábado, junho 20, 2009
Você Não sabe - Roberto Carlos
Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz
Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor
Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim
E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz
Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender
Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde chegaria
Amor igual ao meu
Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz
Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz
Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor
Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim
E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz
Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender
Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde chegaria
Amor igual ao meu
Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz
sexta-feira, junho 19, 2009
Condicional - Los Hermanos
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
Eu quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais
Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar.
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
Eu quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais
Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar.
quinta-feira, junho 18, 2009
Trecho de “Amores Interrompidos”
“No entanto, lá no final do livro, quando a relação do casal se limita apenas a uma amizade distante, Beauvoir recupera o tino e escreve coisas interessantes sobre o amor, em especial na carta em que ela consola o amigo por ter sido chutado por uma namorada. Ela disserta sobre a melhor maneira de se enfrentar um rompimento. Naturalmente, a conclusão é que é sempre preferível viver a história até o seu desfecho natural, ou seja, até o desaparecimento do amor, mas dificilmente isso acontece em sincronia. Entre um casal que se separa, há sempre aquele que acaba sendo vítima de um choque emocional, decorrente da violência que é obrigar-se a matar um sentimento que dentro de si permanece vivo.
Simone de Beauvoir especula que a sensação de perda e a nostalgia do passado costumam durar mais tempo que a própria relação teria durado. É bastante interessante esta teoria: a de que as dores-de-cotovelo duram mais do que o próprio amor, caso este houvesse completado seu ciclo.
Ainda citando Beauvoir, ela diz que a gente se torna mais dependente de um amor quando ele termina, do que enquanto ele dura. Eu não tenho muito a acrescentar, e sim a corroborar. Enquanto estamos vivenciando um amor, não teorizamos a respeito. Só a partir da ruptura é que fazemos um inventário dos ganhos e das perdas, e, por estarmos emocionalmente fragilizados, acabamos por superdimensionar nossa solidão involuntária.
Do que se conclui que o único remédio para a dor de amor é aceitar que as coisas vêm e vão, e que isso é que movimenta a vida. O duro é ter que pensar nisso quando o amor ainda parece que só vai.”
Martha Medeiros
“No entanto, lá no final do livro, quando a relação do casal se limita apenas a uma amizade distante, Beauvoir recupera o tino e escreve coisas interessantes sobre o amor, em especial na carta em que ela consola o amigo por ter sido chutado por uma namorada. Ela disserta sobre a melhor maneira de se enfrentar um rompimento. Naturalmente, a conclusão é que é sempre preferível viver a história até o seu desfecho natural, ou seja, até o desaparecimento do amor, mas dificilmente isso acontece em sincronia. Entre um casal que se separa, há sempre aquele que acaba sendo vítima de um choque emocional, decorrente da violência que é obrigar-se a matar um sentimento que dentro de si permanece vivo.
Simone de Beauvoir especula que a sensação de perda e a nostalgia do passado costumam durar mais tempo que a própria relação teria durado. É bastante interessante esta teoria: a de que as dores-de-cotovelo duram mais do que o próprio amor, caso este houvesse completado seu ciclo.
Ainda citando Beauvoir, ela diz que a gente se torna mais dependente de um amor quando ele termina, do que enquanto ele dura. Eu não tenho muito a acrescentar, e sim a corroborar. Enquanto estamos vivenciando um amor, não teorizamos a respeito. Só a partir da ruptura é que fazemos um inventário dos ganhos e das perdas, e, por estarmos emocionalmente fragilizados, acabamos por superdimensionar nossa solidão involuntária.
Do que se conclui que o único remédio para a dor de amor é aceitar que as coisas vêm e vão, e que isso é que movimenta a vida. O duro é ter que pensar nisso quando o amor ainda parece que só vai.”
Martha Medeiros
Nada passa
Uma das músicas mais bonitas da MPB é aquela composta por Nelson Motta e Lulu Santos, que diz que na vida tudo passa, tudo sempre passará, como uma onda no mar. Linda. Mas é mentira.
A garota sofrendo o diabo porque brigou com o namorado e a mãe consola com a frase de sempre: vai passar. O garoto levou bomba no vestibular e o melhor amigo diz: na próxima vez você passa. Analisando superficialmente, é verdade, a dor, um dia, cessa. Mas não se iluda: ela não bateu as botas, está apenas cochilando. Tudo passa? Nada passa!
É isso que ninguém tem coragem de nos dizer. A dor da perda, a dor de fracassar, a dor de não corresponder a uma expectativa, a dor de uma saudade, a dor de não saber como agir, de estar perdida, instável, de ter dúvidas na hora de fazer uma escolha, todas estas dores, que parecem pequenas para quem está de fora, nos acompanharão até o fim de nossos dias. Elas não passam. Elas ficam. Elas aninham-se dentro da gente, o que não deve servir de motivo para pularmos de uma ponte. Mario Quintana escreveu que nós somos o que temos e o que sofremos. Sem dor, sem vida interior.
Não passam as dores, também não passam as alegrias. Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças. Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, o acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos formando quem você é. Não há nenhuma peça que não se encaixe. Todas são aproveitáveis. Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de “passou”. Não passou. Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para completar o jogo e se enxergar por inteiro.
Martha Medeiros
Uma das músicas mais bonitas da MPB é aquela composta por Nelson Motta e Lulu Santos, que diz que na vida tudo passa, tudo sempre passará, como uma onda no mar. Linda. Mas é mentira.
A garota sofrendo o diabo porque brigou com o namorado e a mãe consola com a frase de sempre: vai passar. O garoto levou bomba no vestibular e o melhor amigo diz: na próxima vez você passa. Analisando superficialmente, é verdade, a dor, um dia, cessa. Mas não se iluda: ela não bateu as botas, está apenas cochilando. Tudo passa? Nada passa!
É isso que ninguém tem coragem de nos dizer. A dor da perda, a dor de fracassar, a dor de não corresponder a uma expectativa, a dor de uma saudade, a dor de não saber como agir, de estar perdida, instável, de ter dúvidas na hora de fazer uma escolha, todas estas dores, que parecem pequenas para quem está de fora, nos acompanharão até o fim de nossos dias. Elas não passam. Elas ficam. Elas aninham-se dentro da gente, o que não deve servir de motivo para pularmos de uma ponte. Mario Quintana escreveu que nós somos o que temos e o que sofremos. Sem dor, sem vida interior.
Não passam as dores, também não passam as alegrias. Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças. Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, o acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos formando quem você é. Não há nenhuma peça que não se encaixe. Todas são aproveitáveis. Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de “passou”. Não passou. Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para completar o jogo e se enxergar por inteiro.
Martha Medeiros
terça-feira, junho 16, 2009
Esmolas Afetivas
É dureza levar um fora de quem a gente adora. Parece o fim do mundo, parece que nada pior pode nos acontecer. Mas pode. Pode o querido (vale para as queridas também) Fazer o tipo bom moço e encher você de palavras carinhosas depois do chega pra lá.
Você vai até a farmácia e acaba com o estoque de lenços de papel. O balconista finge não reparar no seu nariz vermelho e nos seus olhos inchados. Aí você volta para casa, liga o computador, abre sua caixa postal e está lá o nome do querido: mensagem para você. Seu coração dispara. Agarra o mouse com força, clica e lê as palavras mais lindas da língua portuguesa. Você foi muito importante pra mim. Jamais vou te esquecer. Foram os melhores dias da minha vida. Não mereço alguém tão perfeita. Seja feliz. Um beijo do sempre seu, Mané.
É um Mané graduado, com PhD em tortura. Deve ter feito um estágio Doi-Codi. Caramba, se ele acha você tão importante, tão perfeita, tão idolatrável, que diabos está fazendo com outra namorada? Por que ele não some do mapa de uma vez? Por que não faz a gentileza de deixar você esquecê-lo
Os dias passam e o cara não escreve mais. Você retoma sua vida, lentamente. Ainda pensa muito nele, mas começa a perceber outras pessoas a sua volta e resolve abrir a guarda para a entrada de um novo amor. Aí, outro e-mail do Mané pousa na sua tela. Por que você anda sumida? Sinto muita saudade. Você é minha melhor amiga, sinto muito carinho por você.
Merece ou não merece um tijolo no meio da testa?
Que papo é este de melhor amiga? Quanto as carinho dele, você embrulha e envia para Guiné-Bissau, alguém lá pode estar precisando. Se ele não pode dizer as coisas que você quer ouvir, que não diga nada. Tudo o que ele consegue com essa lengalenga é fazê-la passar outra temporada na farmácia.
Não estou recomendando grossura. É muito bom saber que a gente foi importante para alguém depois que o romance foi finalizado. Mas cautela aí no politicamente correto. Pessoas apaixonadas querem declarações apaixonadas. A transição de namorada para amiga é muito rápida e indolor quando não há mais paixão. Cabe ao que saiu de cena ter sensibilidade para deixar o outro sofrer em paz, sem alimentar esperanças. Mais tarde, ânimos serenados reconstrói-se a relação em outras bases, se for o caso. Atacar de melhor amigo sabendo que a garota está abalada pode parecer uma atitude bacana, mas é apenas sadismo.
Martha Medeiros
É dureza levar um fora de quem a gente adora. Parece o fim do mundo, parece que nada pior pode nos acontecer. Mas pode. Pode o querido (vale para as queridas também) Fazer o tipo bom moço e encher você de palavras carinhosas depois do chega pra lá.
Você vai até a farmácia e acaba com o estoque de lenços de papel. O balconista finge não reparar no seu nariz vermelho e nos seus olhos inchados. Aí você volta para casa, liga o computador, abre sua caixa postal e está lá o nome do querido: mensagem para você. Seu coração dispara. Agarra o mouse com força, clica e lê as palavras mais lindas da língua portuguesa. Você foi muito importante pra mim. Jamais vou te esquecer. Foram os melhores dias da minha vida. Não mereço alguém tão perfeita. Seja feliz. Um beijo do sempre seu, Mané.
É um Mané graduado, com PhD em tortura. Deve ter feito um estágio Doi-Codi. Caramba, se ele acha você tão importante, tão perfeita, tão idolatrável, que diabos está fazendo com outra namorada? Por que ele não some do mapa de uma vez? Por que não faz a gentileza de deixar você esquecê-lo
Os dias passam e o cara não escreve mais. Você retoma sua vida, lentamente. Ainda pensa muito nele, mas começa a perceber outras pessoas a sua volta e resolve abrir a guarda para a entrada de um novo amor. Aí, outro e-mail do Mané pousa na sua tela. Por que você anda sumida? Sinto muita saudade. Você é minha melhor amiga, sinto muito carinho por você.
Merece ou não merece um tijolo no meio da testa?
Que papo é este de melhor amiga? Quanto as carinho dele, você embrulha e envia para Guiné-Bissau, alguém lá pode estar precisando. Se ele não pode dizer as coisas que você quer ouvir, que não diga nada. Tudo o que ele consegue com essa lengalenga é fazê-la passar outra temporada na farmácia.
Não estou recomendando grossura. É muito bom saber que a gente foi importante para alguém depois que o romance foi finalizado. Mas cautela aí no politicamente correto. Pessoas apaixonadas querem declarações apaixonadas. A transição de namorada para amiga é muito rápida e indolor quando não há mais paixão. Cabe ao que saiu de cena ter sensibilidade para deixar o outro sofrer em paz, sem alimentar esperanças. Mais tarde, ânimos serenados reconstrói-se a relação em outras bases, se for o caso. Atacar de melhor amigo sabendo que a garota está abalada pode parecer uma atitude bacana, mas é apenas sadismo.
Martha Medeiros
sexta-feira, junho 12, 2009
Transplante de amor
Gastrite é uma inflamação do estômago. Apendicite é uma inflamação no apêndice. Otite é uma inflamação dos ouvidos. Paixonite é uma inflamação do quê? Do coração.
Cada órgão do nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em condições. Ao coração, coube a função de bombear sangue para o resto do corpo, ,mas é nele que se depositam também nossos mais nobres sentimentos. Qual é o órgão responsável pela saudade, pela adoração? Quem palpita quem sofre quem dispara? O próprio.
Foi pensando nisso que me ocorreu o seguinte: se alguém está com o coração dilacerado nos dois sentidos, biológico e emocional, e por ordens médicas precisa de um novo, o paciente irá se curar da dor de amor ao receber o órgão transplantado?
Façamos de conta que sim. Você entrou no hospital com o coração em frangalhos, literalmente. Além de apaixonado por alguém que não lhe dá a mínima, você está com as artérias obstruídas e os batimentos devagar quase parando. A vida se esvai, mas localizam um doador compatível: já para a mesa de cirurgia.
Horas depois, você acorda. Coração novo. Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum. Um espetáculo. O médico lhe dá uma sobrevida de cem anos. Nada mal. Visitas entram e saem do quarto, Até que anunciam o Jorge. Que Jorge? O Jorge, minha filha, o homem que você sempre amou. Eu????
Você não reconhece o Jorge. Acha ele meio baixinho. Um tom de voz estridente. Usa uma camisa cor – de laranja que não lhe cai bem. Mas foi você mesma que deu a ele de aniversário, minha filha. Eu????
Seu coração ignorou o tal Jorge. O mesmo Jorge que quase lhe levou à loucura, o mesmo Jorge que fez você passar noites insones, que fez você encher uma piscina olímpica de lágrimas. Em compensação, aquele enfermeiro ali é bem gracinha. Tem um sorriso cativante. E uma mão que é uma pluma, você nem sentiu a aplicação da anestesia. Bacana este cara. Quem é? O namorado da menina a quem pertencia seu coração. Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum.
Transplantes de amor, Garanto que fariam muito mais sucesso que a safena.
Gastrite é uma inflamação do estômago. Apendicite é uma inflamação no apêndice. Otite é uma inflamação dos ouvidos. Paixonite é uma inflamação do quê? Do coração.
Cada órgão do nosso corpo tem uma função vital e precisa estar 100% em condições. Ao coração, coube a função de bombear sangue para o resto do corpo, ,mas é nele que se depositam também nossos mais nobres sentimentos. Qual é o órgão responsável pela saudade, pela adoração? Quem palpita quem sofre quem dispara? O próprio.
Foi pensando nisso que me ocorreu o seguinte: se alguém está com o coração dilacerado nos dois sentidos, biológico e emocional, e por ordens médicas precisa de um novo, o paciente irá se curar da dor de amor ao receber o órgão transplantado?
Façamos de conta que sim. Você entrou no hospital com o coração em frangalhos, literalmente. Além de apaixonado por alguém que não lhe dá a mínima, você está com as artérias obstruídas e os batimentos devagar quase parando. A vida se esvai, mas localizam um doador compatível: já para a mesa de cirurgia.
Horas depois, você acorda. Coração novo. Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum. Um espetáculo. O médico lhe dá uma sobrevida de cem anos. Nada mal. Visitas entram e saem do quarto, Até que anunciam o Jorge. Que Jorge? O Jorge, minha filha, o homem que você sempre amou. Eu????
Você não reconhece o Jorge. Acha ele meio baixinho. Um tom de voz estridente. Usa uma camisa cor – de laranja que não lhe cai bem. Mas foi você mesma que deu a ele de aniversário, minha filha. Eu????
Seu coração ignorou o tal Jorge. O mesmo Jorge que quase lhe levou à loucura, o mesmo Jorge que fez você passar noites insones, que fez você encher uma piscina olímpica de lágrimas. Em compensação, aquele enfermeiro ali é bem gracinha. Tem um sorriso cativante. E uma mão que é uma pluma, você nem sentiu a aplicação da anestesia. Bacana este cara. Quem é? O namorado da menina a quem pertencia seu coração. Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum.
Transplantes de amor, Garanto que fariam muito mais sucesso que a safena.
Martha Medeiros
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimarães
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimarães
quinta-feira, junho 11, 2009
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Drummond
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Drummond
Tristeza no céu
No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Porque fiz o mundo? Deus se pergunta
e se responde: Não sei.
Os anjos olham-no com reprovação,
e plumas caem.Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor
caem, são plumas.
Outra pluma, o céu se desfaz.
Tão manso, nenhum fragor denuncia
o momento entre tudo e nada,
ou seja, a tristeza de Deus.
Drummond
No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Porque fiz o mundo? Deus se pergunta
e se responde: Não sei.
Os anjos olham-no com reprovação,
e plumas caem.Todas as hipóteses: a graça, a eternidade, o amor
caem, são plumas.
Outra pluma, o céu se desfaz.
Tão manso, nenhum fragor denuncia
o momento entre tudo e nada,
ou seja, a tristeza de Deus.
Drummond
Ao Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença
.O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Drummond
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença
.O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Drummond
Incompatibilidade - Oswaldo Montenegro
E bate louco, bate criminosamenteO coração mais do que a mente, bate o pé mais do que o corpo poderiaE se você mentalizasse na foliaSabe lá se não seria a solução pra de manhã pensar melhorE caso fosse a incompatibilidade entre o corpo e consciênciaIria desaparecer, você não vêComo o corpo preparado pode ser iluminadoComo a luz de uma fogueira que precisa se manterE atingido pela plena consciênciaDe que o corpo em decadência faz a tua consciência esmorecerPelos poros elimina-se o que o povo não precisaE não precisa pra pensar, abdicar desse prazerSe você dançar a noite inteira não significa dar bobeiraDe manhã se alienar ou esquecerÉ a busca do supremo equilíbrio, num processo inteligente sua menteclarear sem perceberE a intelectualidadePode Dançar sem receioDescanso é pra alimentarE trabalhar sem anseioEu tô olhando pra pontaMas não esqueço do meioQuem acha o corpo uma ofensaFalo sem demagogiaPode dançar essa noiteE amanhã pensar quem diriaQem não entendeu eu lamentoEspero que entenda algum dia aaahhhhhhE bate loco bate criminosamente...
E bate louco, bate criminosamenteO coração mais do que a mente, bate o pé mais do que o corpo poderiaE se você mentalizasse na foliaSabe lá se não seria a solução pra de manhã pensar melhorE caso fosse a incompatibilidade entre o corpo e consciênciaIria desaparecer, você não vêComo o corpo preparado pode ser iluminadoComo a luz de uma fogueira que precisa se manterE atingido pela plena consciênciaDe que o corpo em decadência faz a tua consciência esmorecerPelos poros elimina-se o que o povo não precisaE não precisa pra pensar, abdicar desse prazerSe você dançar a noite inteira não significa dar bobeiraDe manhã se alienar ou esquecerÉ a busca do supremo equilíbrio, num processo inteligente sua menteclarear sem perceberE a intelectualidadePode Dançar sem receioDescanso é pra alimentarE trabalhar sem anseioEu tô olhando pra pontaMas não esqueço do meioQuem acha o corpo uma ofensaFalo sem demagogiaPode dançar essa noiteE amanhã pensar quem diriaQem não entendeu eu lamentoEspero que entenda algum dia aaahhhhhhE bate loco bate criminosamente...
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